Em direção do alvo

Eclesiastes 11:1-12:8 - Agora o passo torna-se mais acelerado. O cenário permanece inalterado: tem as mesmas sombras profundas e ocasionais fachos de luz, mas agora o consideramos com resolução e não com ansiedade. Conhecemos o pior - melhor ainda: podemos partir na direção certa. Sê corajoso 11:1 Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. 2 Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra. 3 Estando as nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará. 4 Quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará. 5 Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. 6 Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas. Isto nos leva diretamente ao sábio conselho do capítulo 10, que nós resumimos na expressão: "Sê prudente!" A cautela teve então o seu devido lugar; agora, tem de ceder o caminho ao empreendimento. Uma das coisas frustrantes da vida observadas em 9:11 ss. foi o fa¬to de que o tempo e as oportunidades podem inverter os nossos melho¬res planos. Se isso é um pensamento paralisante, também pode ser um incentivo à ação, pois, se há riscos por toda parte, é melhor falhar sendo arrojado do que agarrando os recursos e guardando-os para nós mesmos. Até parece que sentimos o Novo Testamento soprando atra¬vés dos dois primeiros versículos, um reflexo do paradoxo predileto de nosso Senhor, que disse: "Quem ama a sua vida, perde-a" e "com a medida com que tiverdes medido vos medirão também". Isto é ver¬dade, numa certa proporção, quer Coelet esteja falando aqui de ousa¬dia nos negócios ou de simples generosidade, pois é difícil discernir ao certo do que ele está realmente falando, ou se ele fala primeiro de um e depois do outro. O pensamento dos versículos 3 e 4 trazem novamente à tona coisas sobre as quais nada podemos fazer e aquelas que exigem uma firme decisão e ação. Os dois exemplos dados (as nuvens que seguem suas próprias leis e tempos, não os nossos, e a árvore caída que não consul¬tou a conveniência de ninguém) podem nos levar a pensar no que pode acontecer e no que poderia ter acontecido; a nós, porém, cabe apenas agarrar o que realmente existe e o que está ao nosso alcance. São pou¬cos os grandes empreendimentos que aguardaram condições ideais; nós também não podemos esperar. Então o versículo 5 relaciona o reino do desconhecido e do desconhecível com Deus, que faz todas as cousas. O exemplo que ele escolheu é o das mais notáveis obras divinas, do qual dependem todos os nossos questionamentos e pensamentos: a maravilha do corpo humano e o espírito humano. Será que nosso Senhor tinha este versículo em mente ao falar a Nicodemos sobre o segundo nascimento? Tal como Coelet, ele usou apropriadamente o fato de que uma mesma palavra serve na linguagem bíblica para vento (v. 4) e para espírito como algumas versões traduzem no versículo 5, e captou os mesmos pontos: sua invisibilidade e sua liberdade em rela¬ção ao nosso controle, mas também a sua poderosa realidade. O versículo 6, arrematando a passagem, tem uma leveza de espírito que novamente nos faz lembrar o Novo Testamento. A verdadeira rea¬ção para com a incerteza é um esforço redobrado, "aproveitando o tempo", "quer seja oportuno, quer não", expressa por Coelet em ter¬mos de um fazendeiro e o seu trabalho, e por Paulo em termos de colheita espiritual da boa semente do evangelho e das obras de miseri¬córdia.

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